Como cuidar de uma Pessoa com Parkinson: Guia Prático para Cuidadores

Este guia prático tem como objetivo fornecer informações e indicações que possam ajudar os cuidadores a proporcionar o suporte físico e emocional necessário à pessoa com Parkinson.
Como cuidar de uma Pessoa com Parkinson: Guia Prático para Cuidadores

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa do sistema nervoso central que atinge 1 a 2% da população mundial acima dos 65 anos.

Enquanto especialistas na reabilitação neurológica de pacientes com Parkinson, compreendemos a importância de um cuidado adequado e individualizado para lidar com esta complexa condição neurológica. Neste sentido, este guia prático tem como objetivo fornecer informações e indicações que possam ajudar os cuidadores a proporcionar o suporte físico e emocional necessário à pessoa com Parkinson.

Diagnóstico e compreensão da doença de Parkinson

Antes de abordarmos as estratégias de cuidado, é fundamental compreender os sintomas característicos da doença de Parkinson. Tal como mencionado acima, esta é uma doença crónica e progressiva do Sistema Nervoso Central (SNC), que consiste na morte de células produtoras da dopamina, um neurotransmissor importante que comanda a atividade muscular a nível cerebral.

Embora a doença de Parkinson possa manifestar-se de formas diferentes em cada paciente, existem sintomas iniciais que são frequentemente observados nos estágios iniciais da doença. Tipicamente os sintomas mais comuns incluem:

  1. Tremores: Um dos sintomas mais conhecidos da doença de Parkinson é o tremor involuntário. Geralmente, começa numa das mãos ou braços e pode estender-se para outras partes do corpo. Estes tremores ocorrem quando a pessoa está em repouso e tendem a diminuir durante a atividade física.
  2. Rigidez muscular: Os músculos podem ficar tensos e rígidos, causando desconforto e dificuldade de movimento.
  3. Lentificação dos movimentos: Os movimentos podem tornar-se lentos e difíceis de executar. Atividades simples, como caminhar ou vestir-se, podem exigir mais tempo e esforço do que o habitual.
  4. Perda de equilíbrio e postura: A perda de equilíbrio e a deterioração da postura são sintomas que podem levar a quedas frequentes. A pessoa pode sentir dificuldade em manter-se ereta ou ter uma postura curvada.
  5. Perda de movimentos “automáticos”: A doença de Parkinson pode afetar os movimentos “automáticos” do corpo, como piscar os olhos, balançar os braços durante a caminhada ou sorrir.
  6. Sensação reduzida de odores: Muitas pessoas com Parkinson experimentam uma diminuição na capacidade de sentir cheiros.
  7. Alteração da fala: A fala pode ser afetada, tornando-se mais lenta, monótona ou arrastada. A pessoa pode ter dificuldade em articular as palavras e pode parecer ter uma voz mais baixa.
  8. Dificuldade em escrever: A caligrafia pode tornar-se mais pequena e mais difícil de ler, e a pessoa pode ter dificuldade em iniciar e manter a escrita.
  9. Distúrbios do sono: Muitas pessoas com Parkinson têm problemas de sono, como insónias, sonolência diurna excessiva ou pesadelos frequentes.
  10. Mudanças emocionais: A doença de Parkinson também pode levar a alterações emocionais, como depressão, ansiedade, apatia ou irritabilidade.
  11. Alterações cognitivas: existem frequentemente, mesmo que ligeiras a moderadas, alterações das funções cognitivas tais como a atenção, funções executivas, memória de trabalho e funções visuoespaciais . Em determinados casos o declínio cognitivo pode ser tão acentuado que cumpre critérios para demência.

Para realizar uma avaliação precisa do paciente com doença de Parkinson e síndromes parkinsónicas, é necessária uma abordagem multidisciplinar, na qual deve ser incluída uma avaliação clínica detalhada e exames complementares. É importante trabalhar em estreita colaboração com um neurologista especializado nesta área, de forma a obter um diagnóstico adequado e iniciar o tratamento apropriado.

Cuidados básicos e rotina diária

Após o diagnóstico, é essencial adaptar o ambiente da pessoa para torná-lo seguro e acessível. Remover obstáculos, melhorar a iluminação e fornecer corrimãos são medidas práticas que podem reduzir o risco de quedas.

Adicionalmente, a alimentação desempenha um papel relevante na gestão da saúde da pessoa com Parkinson. Poderá passar por incluir uma dieta rica em nutrientes, incluindo frutas, legumes, grãos integrais e proteínas magras. Contudo o apoio de um nutricionista é fundamental para a elaboração de um plano alimentar personalizado, adequado às necessidades nutricionais individuais do paciente, bem como para o acompanhamento da inserção da nova rotina alimentar.

A rotina diária do paciente com Parkinson pode beneficiar com a incorporação de exercícios físicos, fisioterapia e terapia ocupacional. A atividade física adequada pode melhorar a mobilidade, a força muscular e a coordenação. A fisioterapia visa prevenir, estabilizar os reduzir os problemas relacionados com a redução do movimento e manter a independência; encorajando adicionalmente o exercício através de um plano específico ao caso.

Adicionalmente, a terapia ocupacional pode auxiliar a pessoa com Parkinson a realizar as atividades diárias de forma mais independente e eficiente. Um terapeuta ocupacional especializado em reabilitação neurológica poderá fornecer orientações e estratégias para adaptar o ambiente e melhorar a funcionalidade geral do paciente.

Apoio emocional e psicológico

Para além dos desafios físicos, a doença de Parkinson também pode ter um impacto emocional e psicológico significativo no paciente. Frequentemente, o diagnóstico de Parkinson desencadeia uma série de emoções, como o medo, a ansiedade e a depressão. É importante que o paciente se sinta apoiado, por isso, os cuidadores e respetivos familiares devem estar presentes, ouvir atentamente e incentivar a expressão dos sentimentos. A participação em grupos de apoio pode ser uma opção benéfica, uma vez que permite a partilha de experiências, no entanto, também é recomendada a terapia psicológica individual e/ou familiar para a gestão dos sintomas de depressão, ansiedade e stress associados no próprio e/ou nos familiares.

Planeamento e apoio a longo prazo

Cuidar de uma pessoa com Parkinson requer um compromisso contínuo e uma rede de apoio sólida. À medida que a condição progride, é importante adaptar os cuidados às necessidades individuais da pessoa com Parkinson. Manter um diálogo aberto com a equipa médica, incluindo o neurologista e os terapeutas, é fundamental para ajustar o plano de cuidados de acordo com as mudanças nas necessidades.

É importante que recorra aos serviços disponíveis na sua comunidade, como associações de apoio ao Parkinson, programas de apoio domiciliar e atividades de reabilitação neurológica. Estes recursos podem fornecer informações, apoio emocional e psicológico, terapias de estimulação e reabilitação, assim como suporte prático.

Administração de medicamentos e terapias complementares

A medicação é uma parte fundamental do tratamento da pessoa com Parkinson, por isso, é extremamente importante seguir rigorosamente o plano de tratamento prescrito pela equipa médica. Cada medicamento desempenha um papel específico na gestão eficiente dos sintomas, sendo fundamental compreender e respeitar os horários de administração, as dosagens corretas e as possíveis interações com outros medicamentos.

Paralelamente, as terapias de estimulação e reabilitação neurológica desempenham um papel significativo na gestão dos sintomas do Parkinson. A título de exemplo, a fisioterapia neurológica é frequentemente recomendada para melhorar a força muscular, a amplitude de movimento e a marcha, enquanto, a terapia ocupacional concentra-se em maximizar a independência nas atividades da vida diária, nomeadamente, comer, tomar banho, vestir-se, entre outros. Tanto a fisioterapia neurológica como a terapia ocupacional visam promover a independência e funcionalidade.

A importância da reabilitação neurológica na doença de Parkinson

A reabilitação neurológica é uma abordagem terapêutica multidisciplinar que visa melhorar a qualidade de vida e a funcionalidade dos pacientes com Parkinson, minimizando o impacto dos sintomas motores e não-motores da doença. Como pode, então, a reabilitação neurológica ajudar concretamente as pessoas que vivem com Parkinson?

Abordagem multidisciplinar e centrada nas necessidades do paciente

A doença de Parkinson é uma condição complexa que afeta o sistema motor, mas também aspetos emocionais, cognitivos e comportamentais. A reabilitação neurológica adota uma abordagem multidisciplinar, considerando todos os aspetos da saúde do paciente. Desta forma, os profissionais de neurorreabilitação, nomeadamente fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, e terapeutas ocupacionais, trabalham em conjunto para desenvolver um plano personalizado de cuidados que aborde as necessidades individuais de cada paciente.

Melhoria da mobilidade e função motora

A fisioterapia neurológica desempenha um papel essencial na reabilitação de pessoas com Parkinson, visando melhorar a mobilidade, a postura e a função motora. Os exercícios terapêuticos ajudam a fortalecer os músculos, aumentar a flexibilidade, assim como melhorar a coordenação, o que pode resultar numa maior independência no desempenho das atividades diárias.

Melhoria da destreza e coordenação

A terapia ocupacional é fundamental para aprimorar a destreza e a coordenação das mãos e dos membros superiores em pessoas com Parkinson. Através de exercícios específicos, a terapia ocupacional ajuda os pacientes a melhorar a sua capacidade de realizar tarefas do quotidiano, nomeadamente vestir-se, comer, escrever e outras atividades manuais.

Estímulo cognitivo e tratamento dos sintomas não-motores

A doença de Parkinson também pode afetar a função cognitiva, levando a problemas de memória, atenção, funções executivas, velocidade processamento, funções visuoespaciais e raciocínio. A reabilitação neurológica inclui programas de estimulação cognitiva para ajudar a manter a saúde mental e retardar o declínio cognitivo. Paralelamente, esta terapia também aborda os sintomas não-motores da doença, como depressão, ansiedade e distúrbios do sono, através de intervenções psicológicas e apoio emocional.

Adesão ao tratamento e melhoria da qualidade de vida

A reabilitação neurológica também desempenha um papel importante na adesão ao tratamento. Os pacientes que participam regularmente das sessões de neurorreabilitação podem apresentar uma maior adesão ao plano de tratamento prescrito pelo médico, incluindo o uso correto da medicação. Isto pode resultar numa melhor gestão dos sintomas, bem como numa melhoria geral na qualidade de vida da pessoa com Parkinson.

Reabilitação Neurológica no Centro CEREBRO: um programa focado na qualidade de vida do paciente com Parkinson

O Centro CEREBRO disponibiliza um programa clínico avançado, com um forte suporte técnico-científico, direcionado à melhoria dos sintomas e, sempre que possível, restaurar a funcionalidade dos doentes com Parkinson.

Através da utilização de elementos robóticos, tecnologias de última geração e terapias de precisão, a equipa de profissionais do Centro CEREBRO, centra a sua abordagem na ativação de mecanismos cerebrais compensatórios, de modo a abranger os sintomas motores, como instabilidade, tremor, rigidez, congelamento da marcha e lentificação, mas também os mecanismos cognitivos, de programação motora e humor envolvidos na doença de Parkinson.

A nossa prioridade é garantir um acompanhamento único, completo e direcionado às necessidades específicas de cada paciente. Assim, o nosso programa de reabilitação neurológica na doença de Parkinson destaca-se pelos seguintes benefícios:

  • • Avaliação completa e detalhada, assim como uma intervenção direcionada para as necessidades de cada caso clínico, estabelecendo-se objetivos e metas em conjunto com cada paciente
  • • Abordagem clínica e intervenção alicerçada nos modelos mais recentes e que reúnem maior evidência clínica, produzindo assim resultados mais eficazes e duradouros
  • • Combinação da experiência acumulada de vários anos de prática clínica dos nossos profissionais com as melhores tecnologias avançadas de reabilitação, nomeadamente sistemas avançados de estimulação cognitivo-motora, treino cognitivo, treino de marcha e equilíbrio, treino computorizado do equilíbrio, treino de atenção computorizado, entre outros
  • • Ganhos de autonomia e/ou melhoria que permita aos familiares / cuidadores melhores condições para movimentação do paciente
  • • Desaceleração das perdas e/ou estabilização e/ou melhoria temporária da funcionalidade e dos sintomas cognitivos e motores

Em suma, cuidar de uma pessoa com Parkinson pode ser um desafio, mas também é uma oportunidade de proporcionar suporte e qualidade de vida. Compreender os sintomas, adaptar o ambiente, administrar corretamente os medicamentos, procurar terapias complementares relevantes, e devidamente comprovadas pela evidência científica, assim como oferecer apoio emocional são alguns dos passos fundamentais para garantir o bem-estar da pessoa com Parkinson.

Nota Final: A leitura deste artigo é meramente expositiva e não dispensa o seguimento e aconselhamento pelos nossos profissionais de saúde.

Créditos da Imagem: Freepik

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